Confesso: sempre tive um preconceito com a França e os franceses. As nossas derrotas no futebol com a selecção de Zidane e companhia contribuíram para o agudizar do sentimento. Algumas experiências na minha infância e adolescência com luso-franceses armados ao pingarelho, que vinham de vacances à aldeia dos meus avós, também ajudaram a não ver os franciús com bons olhos.
Depois havia também a opinião de alguns amigos e conhecidos que me falavam das suas más experiências por terras gaulesas. "O problema da França é estar cheia de franceses", "são antipáticos" e "Paris é uma cidade suja, insegura e com desigualdades sociais enormes". Estes eram apenas alguns dos comentários que ouvia de algumas pessoas que já lá tinham estado.
Com um panorama tão negativo, por que razão escolheria Paris para visitar quando há ainda tanta capital europeia para descobrir? Dois motivos: em primeiro lugar porque, apesar de serem uma minoria, conheço algumas pessoas que não concordam nada com os detractores e que adoram Paris. Depois porque este sempre foi uma dos destinos preferido da K. Achei que esta era a altura certa e, por isso, lá fomos nós.
Em Paris caíram por terra todos os preconceitos que tinha em relação aos franceses: achei-os muito simpáticos, educados (ouvi mais vezes durante cinco dias "je suis desolé" e "pardon" por encostos involuntários no metro do que os seus correspondentes em dois meses em Portugal). Não achei a cidade mais suja, insegura nem com desigualdades sociais diferentes de Lisboa ou Londres.
Não tenho a pretensão de falar com a propriedade de quem conhece bem Paris. Afinal, foram apenas cinco dias. Visitei as principais atracções turísticas, mas também andei em transportes públicos, por vezes, com destino a zonas periféricas da cidade. Caminhámos quilómetros e quilómetros nas ruas - algumas nada turísticas - e nem por uma vez, mesmo de noite, nos sentimos ameaçados.
Fomos a todas as atracções que qualquer um dos milhões de turistas que visitam anualmente a cidade não perde. Sim, vimos a "Mona Lisa" (como sempre ouvi que era minúscula, achei-a maior do que estava à espera), pousámos para as fotos da praxe junto à pirâmide do Louvre e da Torre Eiffel), subimos ao Sacré Coeur e ao Arco do Triunfo.
Há guias que estabelecem o top ten de locais imperdíveis. Tenho dificuldade em estabelecer o meu. Não consigo dizer se gostei mais do Centro Georges Pompidou se do Museu d'Orsay, se me deliciei mais com os bolos ou com os crepes, ou se preferi Notre Dame ou o Sacré Coeur. Senti um arrepio ao vislumbrar os vitrais na Sainte-Chapelle e ao percorrer os corredores do Museu do Exército nos Invalides, mas são locais impossíveis de comparar.
A visita a Versailles também foi marcante. O projecto é ofensivo de tão megalómano e, em simultâneo, dependendo da perspectiva, genial. Os monarcas estavam mesmo a pedir que o povo faminto de então se sublevasse e desse uma de rainha de copas! Ter a oportunidade de presenciar a histórica exposição de Joana Vasconcelos no local foi uma feliz coincidência. Entrar na Galeria dos Espelhos e na das Batalhas e encontrar obras emblemáticas da artista foi uma experiência inesquecível.
Tal como Nova Iorque, Paris é para mim uma cidade com fortes ligações à Sétima Arte. Fizemos questão de visitar o edifício de autoria de Frank Gehry que é a casa da Cinemateca Francesa. Vi no seu interior o autómato de "A Invenção de Hugo" e a cabeça de Mrs. Bates de Psycho, gentilmente oferecidos por Scorsese e Hitchcock, respectivamente.
Cinema em Paris é também sinónimo de Amélie Poulain. Na Rua Lepic entrámos no "Cafe des 2 Moulins", um dos principais cenários do filme de Jean-Pierre Jeunet. Vimos turistas (como nós), não vimos Audrey "Amélie" Tautou. No Moulin Rouge também não vi Nicole "Satine" Kidman, mas, ainda assim, valeu muito a pena descobrir as ruas (umas à pinha, outras desertas) de Montmartre.
Em Paris aprendi uma lição que, em teoria, é demasiado óbvia: ter preconceito, fundamentado na opinião de terceiros, é um erro. Não é caso para dizer, a partir de agora, Paris je t'aime, mas sim à bientôt.
Tudo ajudou, mas nada foi mais valioso do que o Paris Museum Pass
Um dos relógios do Museu d'Orsay
O Pensador, Museu Rodin
Depois digam que não viram o sinal!
Toma lá para não te armares em esperto! (Campos Elíseos)
Estação de metro
Quem avisa...
Em homenagem ao meu amigo Manel
Simbiose artística
Instalação no Centro Georges Pompidou
McDonald's parisiense
Um por dia não sabem o bem que fazia!
O verdadeiro artista de Montmartre
Wc no Cafe des 2 Moulins de Amélie Poulain
Pormenor na livraria Shakespeare and Company
Pormenor (2) na livraria Shakespeare and Company
Que pena não ter apanhado um concerto do Tony Carreira
Eu, Versailles e Joana Vasconcelos
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