A par de Sacanas sem lei, de Quentin Tarantino, Avatar foi, por razões diferentes, o filme que mais me encheu as medidas nos últimos tempos. Durante cerca de duas horas e meia, a obra de James Cameron leva-nos numa viagem ao futuro que tem como destino o planeta Pândora, habitado pelos Na'vi, raça humanóide com língua e cultura próprias.
Apesar do mérito de ter criado um universo único repleto de personagens alienígenas (gigantes de três metros de cor azul), o enredo do filme apresenta-nos uma história convencional. Há o tradicional boy meets girl e o romance que daí advém e que acaba por tudo superar, há heróis e vilões (uns querem impedir que os outros sorvam até ao tutano os recursos do planeta). Nada de original, portanto.
É verdade que o argumento está longe de ser perfeito, mas não faltam aspectos que fazem de Avatar uma experiência única. Nos primeiros minutos de filme - já com os óculos para ver a três dimensões sobre as minhas preciosas lunetas - percebemos a razão do criador de obras emblemáticas como Exterminador Implacável e Titanic ter demorado 15 anos a completá-lo. Os efeitos visuais e as cenas de acção são assombrosos, os cenários levam-nos a um admirável mundo, uma autêntica floresta tropical povoada de seres fantásticos.
Apesar de 60 por cento do filme ter sido feito com recursos às tecnologias mais sofisticadas, o trabalho feito pelos actores de carne e osso é bastante competente. O protagonista Sam Worthington, que por ocasião da estreia do 4.º capítulo da saga Exterminador Implacável me tinha captado a atenção, confirma o talento e dá mostras de poder ser uma das principais referências em filmes do género e, quem sabe, não só.
Tal como já ficara comprovado no excelente District 9, Avatar prova aos mais cépticos sobre filmes de temática alienígena que há ainda muitos caminhos a explorar e com potencial para deixar boquiabertos os amantes da Sétima Arte.