Há ano e meio que sei por experiência própria que a prática desportiva é óptima para a saúde. Se o facto de frequentar um ginásio com regularidade trouxe inúmeras (e visíveis) alterações à minha pessoa, há outras coisas que permanecem inalteráveis.
Não há um único dia em que vá ao ginásio com genuína vontade. Faço-o por obrigação porque sei que dessa forma estou a tratar da minha máquina. Aliás, a melhor parte do treino é mesmo quando termina. Nunca subi a uma passadeira, bicicleta ou elíptica com prazer. Nunca levantei um haltere, fiz uma flexão ou abdominais com gosto.
Fico satisfeito por muitos não sentirem o mesmo que eu. Há entusiastas da malhação que só de os ver fico cansado. Acho impressionante a quantidade de peso que conseguem levantar e a forma desaustinada como pedalam numa aula de cycling (com neons e música em volume altíssimo). Apesar de céptico, talvez um dia atinja o patamar dos verdadeiros profissionais do gym.
Sentir dor, ardor, calor, cansaço e transpiração num mesmo local jamais será um prazer para mim. Adoro cinema, viajar, visitar museus e estar numa esplanada a ler uma revista. Garanto-vos que se estes prazeres da vida implicassem ter, de uma assentada, os sintomas que tenho quando vou ao ginásio, o deleite passaria a ser tortura.
Sei que muitos também pensam como eu (bem vejo as expressões corporais e, sobretudo, faciais de quem me rodeia no ginásio), mas isso não nos impede de voltar, no dia seguinte, a fazer a mala e regressar a um local onde somos punidos pelos excessos que são cometidos no dia-a-dia. O melhor de tudo é que a infelicidade - era bom que fosse sempre assim - tem hora certa para terminar. Ao fechar a porta do ginásio, a sensação de dever cumprido é impagável. Sentimo-nos rejuvenescidos e prontos para encarar com forças redobradas as horas que temos pela frente.
Amanhã volta a ser dia de luta.