quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Clarabóia


Mais do que escrever sobre o livro de que não gostei, o filme que ficou aquém das expectativas ou a visita que se revelou uma decepção, prefiro falar (e escrever) sobre as coisas de que gosto e que, de uma ou outra forma, me marcam pela positiva. ´
"Clarabóia", romance que José Saramago escreveu na década de 50 do século XX e que há poucos meses viu a luz do dia, é apenas mais um exemplo que quero partilhar. Apesar de algumas (poucas) obras do autor não me terem empolgado, a realidade é que nunca me deparei com uma de que não gostasse.
Nalguns aspectos, "Clarabóia" é ingénuo, mas, ao mesmo tempo, vigoroso e engenhoso na forma como nos mostra o enredo de seis famílias que habitam no mesmo prédio lisboeta. A história é agridoce. Mais do que as relações entre a vizinhança, o interesse está na intimidade de cada família e passa-se entre as paredes de cada um dos seis andares.
Após a leitura da última página, o sentimento é dúbio. Por um lado, não se percebe a razão de um dos primeiros livros escritos por Saramago ser o último a chegar ao público (como é possível alguém ter recusado, há mais de meio século, a publicação do mesmo?). Por outro, há a satisfação de ter nas mãos uma obra lançada a título póstumo que permite ler, mais uma vez, as palavras do autor. Afinal, "Caim" não foi o último livro de José Saramago a ser publicado. Ainda bem.

2 comentários:

Vanessa disse...

Fico feliz pela minha oferenda ter-te feito estar (de novo e por instantes) com o teu autor português preferido.
Beijinhos.

Ricardo disse...

Muchas gracias ;)