Há uns tempos falei aqui no fascínio que alguns locais remotos exercem sobre mim. A Mongólia é um dos países que encabeça a lista. Deparei-me recentemente com algumas palavras que contribuíram para aguçar ainda mais a curiosidade que tenho sobre o país asiático, que tem em Ulan Bator a sua capital.
O nascer do Sol na Mongólia é qualquer coisa de extraordinário. Num abrir e fechar de olhos, o horizonte transforma-se numa débil linha que emerge das trevas e se estende devagar, como se a mão de um gigante lá no alto estivesse, lentamente, a fazer subir o manto da noite à superfície da Terra. Era uma visão sublime, de uma grandiosidade, como já disse antes, que ultrapassava em muito os limites da minha consciência enquanto ser humano. Ao contemplar aquele espectáculo, tinha a sensação de que a minha própria vida se dissolvia pouco a pouco, até desaparecer no nada.
in "Crónica do Pássaro de Corda", Haruki Murakami
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