sábado, 31 de março de 2012

Festas e mais festas


Siiim, siiim e nããão!

Uma visita ao Festival do Queijo, Pão e Vinho, na Quinta do Anjo, Palmela, trouxe-me à memória episódios do passado. Até à minha adolescência fui a tantas feiras, mercados, romarias, festas, procissões, bailes e bailaricos que lhes perdi a conta. Em criança alinhava bem nas incurssões populares, na adolescência e anos seguintes ganhei-lhes aversão. Hoje... nem uma coisa nem outra.
A maioria das experiências que guardo destas vivências foram passadas na "terra": Toulões (concelho de Idanha-a-Nova). Quando íamos "à terra" - aldeia dos meus avós (só conheci os maternos) - as visitas às feiras das aldeias vizinhas eram, literalmente, dias de festa.
O meu avô vestia a roupa domingueira, preparava o cavalo e a carroça e lá íamos nós, muitas vezes a galope, com o vento a soprar na cara, em direcção à Zebreira, Alcafozes, Torre e outras localidades vizinhas.
Quase sempre com os meus irmãos e primos por companhia, havia ocasiões em que o meio de transporte era um reboque atrelado a um tractor. Ter numa aldeia um tio que toda a vida conduziu estas máquinas era um privilégio (e orgulho) para mim.
Ao contrário do Festival da Quinta do Anjo, que já vai na 18.ª edição, quase todas as festas das aldeias tinham um forte cariz religioso. Podem perguntar-me onde é a festa da Nossa Senhora das Cabeças, da Senhora da Azenha, da Senhora do Loreto e de São Domingos que não hesito na hora de responder. Nalguns casos até sou capaz de contar a lenda que esteve na génese de algumas das romarias.
Os tempos mudaram, mas há hábitos que não se perdem. Por todo o país há, anualmente, milhares de festas como as a que assisti no passado. Como antes acontecia comigo, há crianças que contactam nesses mercados e feiras com animais. Tenho a certeza que muitos dos visitantes citadinos que se deslocam com crianças a festas como a da Quinta do Anjo proporcionam-lhes um primeiro contacto com cavalos, burros e ovelhas.
Quando falo em contacto, refiro-me ao toque. Sentir o pêlo de um animal é diferente de vê-lo em 3D no cinema, montar um pónei é diferente de sentar numa moto eléctrica. Quando ouço e vejo a reacção das crianças que fazem fila para andar um minuto num burro e cujos olhos revelam uma curiosidade desmedida sobre o que vêem à sua volta, tenho a certeza de que todos os eventos como o Festival do Queijo, Pão e Vinho, a Ovibeja e a Festa do Cavalo (na Golegã) fazem todo o sentido.

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