sexta-feira, 22 de maio de 2009

A talentosa miss Highsmith


Devo a João Bénard da Costa, falecido ontem aos 74 anos de idade, uma das mais empolgantes descobertas literárias que tive até hoje: Patricia Highsmith. Foi graças ao antigo director da Cinemateca, no programa da RTP2 na década de 90, se não me falha a memória, “O meu cinema”, que me iniciei no universo da conceituada autora de thrillers criminais psicológicos.
Na semana que o programa de Bénard da Costa dedicou a Alfred Hitchcock descobri aquela que para mim é a obra-prima do realizador: “O Desconhecido do Norte Expresso” (Strangers on a train), baseado na obra homónima da escritora norte-americana.
A história é cativante e a sinopse conta-se em poucas palavras. Um estranho convence outro da possibilidade de cometerem crimes sem serem apanhados, bastando para tal que façam uma troca e que cada um execute o serviço que convém ao outro.
Quando se juntam os talentos Highsmith-Hitchcock o resultado é uma viagem marcante. Daí para a frente o cinema do género nunca mais é visto da mesma forma e os livros de suspense ficam com a fasquia num nível elevadíssimo.
Após a descoberta de Strangers on a train as minhas idas à biblioteca tornaram-se sôfregas. Nas livrarias passei a procurar a letra H com uma avidez nunca antes vista. A sede de beber mais daquelas histórias tornou-se uma necessidade imperiosa. A cada livro, a cada conto, a cada virar de página o perigo espreita. Não sabemos o que vamos encontrar nem quais os limites das personagens criadas na imaginação fértil da autora.
Em 1999, 48 anos depois de Hitchcock, foi a vez de Anthony Minghella levar ao grande ecrã a mais fascinante das personagens criadas por Highsmith em “O Talentoso Mr. Ripley”. Matt Damon, naquele que é, em minha opinião, o melhor desempenho da sua curta, mas produtiva carreira, encarna de forma perfeita o complexo Tom Ripley, que afirma a determinada altura que «mais vale ser um falso alguém do que um verdadeiro ninguém».
Ao longo de mais de uma década devorei cada linha escrita por Patricia Highsmith. Os livros da autora ocupam um lugar de destaque na estante. Não podia ser de outra forma, tal a admiração que nutro pela talentosa autora, que me foi dada a conhecer por João Bénard da Costa, o homem que muitos apelidam como o Senhor Cinema.

1 comentário:

Unknown disse...

Por que livro começo Ricardo? :)