sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma questão de sotaque

Recebi hoje este texto, via e-mail, e não resisto a partilhá-lo. Todos os que estão familiarizados com a cidade de Setúbal sabem que já poucas pessoas falam desta forma, no entanto, reconhecem a maioria das expressões constantes nas linhas seguintes. É o conceito de bairrismo, raízes e tradição popular no seu melhor.

Nã me venhem com essa merrda de estórria de marrgem sul, que nós têmes o nosse prróprrio rio e nã prrecizames do rio de ninguéin parra nos lecalizarrmes!
Este póste éi acêrrca do dialéte da nha terrã.
Labútes têm o dialéte más benite de tôde o Perrtegal e arredorres. Têmes uma data de bairres em que sa fálã dialétes diferrentes.
O nosse clube é o VITÓRRIA, que na é grrande, é enorrme! Ma depos o rai dos jegadorres ficãn todes à babuje e na há mei de marrcárrem gôles. O pove vai tôde verr os jogues e há uma clác que grrita "VAMES EMBORRA VITÓRRIA!", mas norrmalmente depois só batem do bombe trrês vezes. Se a mei dum jogue porr acaze óvérr perrada, o prrimeirro a levarr é o arróles. Fica logo arrepêze de terr aberrte a bocã! - AúA! Apá Sóce!
Em miúdes arranjãn-se amigues nas turrmas do cicle, a quemerr rabeçadinhes e rájás , a jegarr ó begalhe - (MARRALHAS!!) - e ó piã; a brrincárr co bichaninhas e bufas de lobe do Carrnaval. Com dezasseis anes arranjam uma bessiclete a motorr paírr pó liceu. Mais tarrde o pessoal quenhéce-se nos balhes das escolas e já na se deslarrga. As gajinhas começem a temárr a pírrela. Já depois dos trrinta, tudo com grrande cafetêrras e já cáse sen saguentarr denpé, a atrravesárr o Abusrrde e a verr as vistas, como se tivesse a andarr de ferribote, pa trrás e pá frrente, tipo fega, de volta das solteirronas à caça de bêbades. (ajuntãn-se a sorrte grrande e a terrminação).
Lá em Labutes têmes inemigues merrtais: os cagalêtes de Sesimbra e os carraméles de Palmela. São aqueles que dizem a todágente que mórram em Labútes, cando a verrdade é ca são dos arrebáldes. Qando nos encontrrames faz semprre faíscã e há semprre alguém a atiçarr pándarr à mócáda - enhagórra!
Todá gente que lá vai pensa que só se come chôque frrite, carrapaus e sarrdinha. Sabem o que é uma esquilhã? um chárre do álte? umas irrózes? uns encharrôques? uns alcorrázes? Têm éi quirr à alóta!
Apanha-se a caminéte dos Béles, cà noite tá chei de gajinhas enquelhidas de frrio áborrdarr os carres. Os carres parrem e fiquem ali a empacharr, a discutirr quantes marréis são, porrque são fómícas. O pessoal tem mede de se espatarr, mas nunca desólhã e conduz com cuidade. A nha terra é a má linda e não há em lade nenhum um ri azul igual ó meu! (e na me venhem com essa merrda de estórria de marrgem sul, que nós têmes o nosse prróprrio rio e nã prrecizames do rio de ninguéin parra nos lecalizarrmes!)

Digam lá que não é um sotaque único...

5 comentários:

Anónimo disse...

fartei-me de rir com o texto... tive a lê-lo alto aqui para umas colegas. risota total :) já temos tido formandos que falam (mais ou menos) assim.
Bj e bom fds

Vanessa disse...

Tá "linde", é que tá mesmo "linde"! "Áua", abre ja a boquinha toda! LOL!

Unknown disse...

Como é que eu não tinha visto este texto? Isto sim é uma verdadeira pérola!!! Lindo...
A Ana tem razão, realmente temos tido alguns formandos que falam assim...

Unknown disse...

FoguE!!

Raquel disse...

Este texto é uma relíquia!
Logo no final da 1ªfrase deu-me vontade de dizer "santinho"...é quase imperceptível!
Nã, de cerrteza que o autorr deste têxte nã andou cómigue à escola ;)